terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

Dança de Cromos

Assim que foi conhecida a data das próximas eleições, assumi que neste blog, apenas de iriam discutir programas, medidas ou os projectos de cada candidato. Pareceu-me claro que o Sporting peca por um rumo indefinido, por não saber quais são as suas prioridades. Assim que se abandonou a via poupadinha dos mandatos de Dias da Cunha e FSFranco, o Sporting perdeu-se numa montanha russa de tesouraria. Não se soube investir, não se soube harmonizar o investimento dentro da equipa.

A falta de um plano, de uma matriz de conduta permitiu as todas as oscilações de JEB, entre a confiança exagerada do início e a depressão do final, ambas poderiam ter sido evitadas. No momento em que vivemos agora, é vital a definição de um caminho, que passe por um sufrágio, uma aprovação dos sócios. Qualquer futuro que se desenhe sem os adeptos no centro terá o fracasso como destino, qualquer futuro que devolva a decisão do clube aos sócios só poderá ter sucesso, porque, os adeptos do Sporting nunca deixaram de ser grandes!

Mas para que isso aconteça é fundamental cada adepto, cada sócio, estimular a discussão das ideias rejeitando a todo o custo comentar nomes ou perfis, passados ou currículos. A "troca de cromos" como gosto de chamar a este perfilar de nomes que avançam e recuam, só afugentará sócios que não têm máquinas de marketing ao seu dispor, entendendo que não têm a capacidade de expor a suas ideias e serem ouvidos. Terá ainda a desvantagem de "obrigar" a possíveis candidatos a um esforço de propaganda que interessa aos jornais e aos não sportinguistas, mas dificulta o explanar de argumentos válidos e construtivos, aquilo que se costuma chamar soluções.

Neste período de pré-campanha quase toda a discussão se centra num tal fundo de 50 milhões de euros. O que para mim deveria ser apenas um ponto em centenas de outros, esmagou a discussão e promete sugar todo o debate para uma troca de viabilidades e razoabilidades de um fundo de jogadores. Porquê? Porque nós como adeptos permitimos que tal acontecesse. A fasquia está então colocada muito baixa, acessível a quem no futuro diga que têm por exemplo um fundo de 70 milhões. Lembro-me de um presidente benfiquista que venceu umas eleições a troco de promessas de empréstimos obrigacionistas e uns milhões para gastar na equipa de futebol.

Falo de Vale e Azevedo. Se continuarmos a avivar a nossa memória, podemos até lembrar que ele cumpriu aquilo que prometeu e o dinheiro entrou (menos é certo) nos cofres. Mas e depois? Onde foi gasto? Como foi gasto? De que beneficiou o benfica? Nada. Apenas agudizou uma crise, não a resolveu. Podemos tirar desta memória uma lição muito eficaz - despejar dinheiro em cima de um problema não resolve, aumenta-o. Porquê? Simples, porque não obedeceu a um plano, a um racional projecto de crescimento e remoção progressiva de obstáculos.

Qualquer "Souness" que aterre em Alvalade vai esfregar as mãos de contente em ter 50 milhões para comprar jogadores, mas que garantias temos de que irá gastar bem a verba? Nenhuma. Mas se o mesmo tiver directrizes bem vincadas em que tipo de jogador faz falta em Alvalade, em que posições, com que massa salarial, com que origem, provavelmente agradecerá a ajuda e compartilhará o insucesso no caso de falhar. Porventura será até mais racional investir 50 milhões na construção e manutenção de um projecto de equipa B e na melhoria dos contratos das grandes promessas, do que esbanjar a verba em estrelas por provar.

Quando se constrói uma edifício, antes de começar a gastar dinheiro é necessário o projecto de um arquitecto e um parecer de engenharia. Começar a comprar terreno e materiais de construção antes destes passos é puro desperdício. Além do mais, no processo, não se contrata um arquitecto pelo nome, contrata-se um projecto de arquitectura pela viabilidade e criatividade do mesmo.

São estas precipitações, que nada tocam a imprensa, que me preocupam, que me fazem comichão cada vez que vejo um post num blog qualquer a apoiar ou desapoiar esta ou aquela figura pelo seu passado, pelo seu ar, pelo seu cargo actual. Seja Dias Ferreira, o Mickey ou o autocarro 50 da carris, ouvirei o que cada um tem para dizer, as suas ideias, o seu posicionamento, o seu projecto. Só então será válido dizer que não serve.

Não nos podemos esquecer, que o que está em causa é o futuro do Sporting Clube de Portugal e não as nossas afinidades pessoais com o candidato. O que está em causa é escolher o melhor projecto para o clube e não a figura mais mediática ou mais apresentável. Saibamos nós destingir o que é mais importante e estaremos a prestar um serviço precioso ao clube que tanto estimamos. Venham de lá os candidatos, sejam quem forem, de onde forem, com o passado ou história que for, devemos considerar cada voz com uma riqueza e não como um risco.

Até breve.

2 comentários:

  1. Gostava de saber a sua opinião quanto a PPC integrar a lista de Godinho Lopes.

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  2. Não tenho, o que me interessa é programa de Godinho Lopes, mas entendo o espanto...

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