domingo, 20 de fevereiro de 2011

Um derby desigual

O Benfica vai tentar adiar a questão do título, o Sporting vai tentar adiar a questão do 3º lugar. É muito diferente. Jogar para ganhar qualquer coisa dá motivos para colocar uma extraordinária postura em campo. Jogar para manter um lugar que apenas dá acesso à Liga Europa, dá para tentar ser digno da camisola que se veste. Em dois anos o Sporting passou a ser o Benfica e Benfica quer ser passar a ser o FC Porto. Mais uma vez, grandes diferenças.

Não sei qual irá ser o resultado final do derby de amanhã, mas adivinham-se grandes dificuldades para o Sporting. Não pode ser mais real a palavra "crise". Uma direcção demissionária e de cabeça perdida, uma campanha recheada de novelas e dúvidas, uma equipa que não o é, um treinador que sabe que está a prazo. É caso para dizer não existe nada de saudável no clube. Nem os adeptos. Estão longe, estão desmotivados e descrentes do significado da palavra mudança.

Vejo derbys há mais de 30 anos e não me lembro de nenhum em que a família sportinguista estivesse mais desagregada. O medo de ter um clube em vias de perder o estatuto de vencedor que sempre teve faz recuar o entusiasmo de qualquer adepto. Leio a imprensa e fico com a sensação de que não há inimigos piores para o Leão neste momento, que os seus próprios adeptos. Não metemos medo a ninguém, o nosso potencial reduz-se a 2 ou 3 bons jogadores e a uma velha rivalidade histórica que divide o pais em 3 cores.

Existe tanto trabalho para ser feito, que a próxima direcção terá pela frente um desafio ao género de Missão Impossível. Recuperar as finanças, recuperar o poderio desportivo, recuperar os adeptos, recuperar a mística, recuperar o poder politico nas instâncias do futebol. É recuperar tudo, construir um clube novo. E não é do zero, quem nos dera, é de valores negativos. Na manhã de terça-feira decerto surgirão muitas novidades, mas nenhuma será tão saborosa como a rescisão com Paulo Sérgio, que tantas vezes disse, não resolve nada, mas é um passo certo. Sabemos nós sportinguistas a carência que esta equipa tem de dar passos certos.

Saindo PS, Costinha, Bettencourt e seus rapazes, saindo Maniche, Saleiro, Tales, Hildebrand, Caneira, vendendo Pongolle e a "malta excedentária". Talvez cheguemos ao ponto zero. A partir dai poderá vislumbrar-se uma equipa ou o principio de qualquer coisa que o venha a ser. Haja homens para construir uma nova identidade sem ser contra outros, contra a crise, contra o Porto. Homens que edifiquem um Sporting digno do nome.

Até breve.

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