segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

Futuro de Bronze?

São poucos os campeonatos europeus onde a relação dos títulos não passa por uma bipolarização aguda. Este fenómeno pode e deve obrigar o próximo presidente do Sporting a “encaixar” no seu ideal de clube uma dose elevada de responsabilidade. Em Espanha Barcelona e Real Madrid, em França Lyon e Marselha, na Itália Inter e Juventus, na Inglaterra Manchester e Chelsea, na Escócia Celtic e Rangers, na Holanda PSV e Ajax, na Grécia Panathinaikos e Olympiakos, na Turquia Fenerbache e Galatasaray. Os eternos “terceiros” são cada vez mais cartas fora do baralho com Atlético de Madrid, Bordéus, Milan, Arsenal, Feyenoord, AEK e Besiktas a brilhar ocasionalmente, após grandes hiatos de resultados.

É óbvio que em Itália e Inglaterra as realidades regionais e demográficas fazem com que existam mais clubes com capacidade financeira para quebrar a lei das probabilidades, mas o longo historial dos 3 ou 4 candidatos é cada vez mais um passado sem retorno. Talvez se explique pela psicologia de adesão clubística. Em Portugal é cada vez mais vulgar um algarvio ou um madeirense ser adepto do Porto, ao passo que será difícil que em Newcastle uma criança desenvolva favoritismo pelo Tottenham, ou mesmo que em Nápoles o filho de um pasteleiro seja sequer permitido conservar uma camisola da AS Roma. O que não torna os clubes necessariamente iguais, apesar da sua base de recrutamento de fãs ser semelhante.

O fenómeno financeiro trazido pelo novo formato da Liga dos Campões, veio criar um fosso cada vez maior nas competições nacionais, sendo que quem “apanhou o comboio” no início, está ainda hoje (talvez cada vez mais) com suplementos orçamentais extraordinários, ás vezes desproporcionados à realidade social do clube. Casos como o Lyon, Villareal ou Bremen merecem atenção redobrada.

Um clube conquista fãs de 3 formas: ganhando provas – conquistando espaço mediático onde é glorificado aos olhos e ouvidos das crianças; por hereditariedade – onde o Sporting perde claramente para o Benfica e com tendência a piorar; por poder de influência ou identificação regional – sendo um clube “nacional” o Sporting e o Benfica não têm nem vantagem nem desvantagem neste capítulo. Nos anos 80, foi feito um esforço por conquistar adeptos pela via das modalidades amadoras, mas sinceramente acho que muitos praticantes fizeram-se sócios, atletas do clube durante anos e permaneceram sempre fãs do Benfica.

Cabe à próxima direcção dar importância, estudar e compreender este fenómeno. Como sportinguista sinto-me muitas vezes como uma “espécie” em declínio, onde nem tenho a certeza se conseguirei passar o testemunho à próxima geração. Da forma como o clube está será difícil por o meu filho no futuro a olhar para o Sporting como eu olhei quando Jordão, António Oliveira, Damas, Manuel Fernandes e outros passeavam classe e empenho pelos relvados de Portugal.

Cabe à próxima direcção ajudar-me a tornar o meu puto um adepto do Sporting, pois desta tarefa repetida em milhares e milhões de casas pelo país dependerá a grandeza do Sporting. O clube “coitadinho” não terá qualquer tipo de futuro. A “pena” ou a “simpatia” não traz cotas nem gameboxes.

Até breve.

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