quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

O Bom Senso - Parte I

Não se podia esperar outra coisa. Os órgãos sociais demitiram-se seguindo a já mais que prevista queda de uma direcção que por rodear uma figura institucional presidencialista não tinha mais como se justificar. Imperou o bom senso, uma vez que, qualquer outro cenário seria o mais puro voltar de costas à vontade dos sócios e adeptos, aliás não havia nenhuma figura de recurso nesta direcção que fosse consensual no apoio dos adeptos e conselho leonino. Assim vamos mesmo ter eleições. O poder vai mesmo "à rua", espero eu que desta vez para ser disputado pela discussão de ideias e não pela discussão de nomes.

Os últimos actos eleitorais têm sido pobres em riqueza democrática, com unanimidades criadas à boa "pax romana" para que todos tenham o seu quinhão de "sol" e "ego acolchoado". Desta vez, começa-se do zero, ou assim a minha ingenuidade gostava de acreditar, com a surpresa de um presidente que bate emotivamente com a porta, não tendo deixado um nome pousado na sua cadeira, nem sequer as iniciais de um "herdeiro" bordadas a ouro num roupão de veludo púrpura. É o mais parecido que temos com uma mudança de regime, desde que Sousa Cintra foi eleito presidente. Não é que tenha saudades desse mandato, mas tenho saudades de ver gente nova a personificar a liderança do meu clube.

Esperam-se agora as candidaturas, os projectos, gostava mesmo muito que se parasse com a projecção de nomes na imprensa, a sério que me enoja este culto reverencial a nomes de pessoas, algumas nunca fizeram nada de importante na vida a não ser herdar um apelido. Era bom que nos deixássemos desta vez sugestionar pelas ideias e não pelos "ares" ou "figurões", pelo favorecimento de jornais que aprendemos a desconfiar. Recomendo aliás a todos os meus congéneres leões que não se deixem influenciar por nenhum artigo de opinião, sobre candidatos, que não sejam escritos por sportinguistas assumidos.

Receio uma intoxicação de análises e não um respirar de debate, com a imediata projecção dos candidatos "amigos" da imprensa (os sempre disponíveis para derramar nos jornais e tv´s a vida do clube) e não uma equidistante informação aos sportinguistas. Todo e qualquer pré-candidato nos merece a atenção e toda e qualquer ideia nos merece a mais pura das reflexões. Interessa escolher o melhor para o Sporting, uma solução com pés e cabeça, evitando quer a via mais "institucional", quer a via mais aventureira. É um facto, a próxima direcção terá de revolucionar o clube, arrancando do zero em termos desportivos e tendo de implementar um sem número de transformações financeiras. Será tudo menos fácil.

Nos anos 80 um também "falido" e desacreditado Milan iniciava uma nova época com a chegada de Berlusconni. A figura do presidente é discutível, mas o que é certo que com ele chegam Gullit, Rijkaard e Van Basten, que treinados por Arrigo Sacchi mudariam o futebol italiano, anos mais tarde o europeu. Não mais o Milan se apagaria, não mais teria problemas económicos e nem tudo se deveu à carteira recheada de Berlu. O Sporting não terá capacidade para recrutar 3 internacionais holandeses, mas pode e deve "varrer" o mercado em busca de três bons negócios (defesa central, extremo e ponta de lança), uma alavanca desportiva para dar a este plantel um pouco de brilhantismo e temeridade.

Faltará então o principal, o nosso Sacchi, o nosso Ferguson ou Mourinho, um treinador que independente da idade, língua ou estilo, tenha currículo de vencedor e abrace o desafio Sporting como uma prova à sua capacidade. Tendo uma nova direcção, uma equipa reforçada e um treinador com real talento para um grande, tudo poderá ser melhor, até pode ser que nem se vença nada, mas que se vença pelo menos o respeito, a admiração e a esperança dos sócios. Um pequeno passo foi dado ontem, mas teremos de dar muitos outros até chegar a algo diferente, a algo mais condizente com a dimensão e história do clube. Todos fazemos falta, nem que seja para dizer não a tendências para repetir fórmulas já há muito esgotadas.

Até breve.

2 comentários:

  1. Bom senso era terem tido a coragem de colocar um par de patins ao PSérgio que neste caminho vai bater todos os records negativos deste clube. Uma coisa é certa não dura muito mais tempo.Novo presidente - novo treinador.De quê que está à espera?

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  2. Concordo absolutamente. Vamos ser pacientes e ter de esperar pela decisão da nova direcção, ou seja até ao final da época. Não iremos mudar de treinador no final de Março de certeza...

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