quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

O presente esquecido

Paulo Sérgio e pelos vistos Costinha partilham da ideia que no Sporting as pessoas esqueceram-se do presente e já só pensam no futuro. Esta percepção é superficialmente verdadeira, mas completamente errada na base do pensamento. Quando um grupo de pessoas expressa grande preocupação com acontecimentos que se irão desenrolar num futuro próximo não quer necessariamente dizer que estão a ignorar o presente, é muito mais a análise profunda do mesmo presente que os coloca atentamente debruçados no que aí vem.

Num sentido mais concreto, é a prestação da equipa no presente e a sua limitação óbvia que preocupa os sócios. Se o Sporting estivesse envolvido na luta pelo título e a conseguir bons resultados e boas exibições, ninguém se tinha demitido, treinador e jogadores estariam bem mais seguros e director desportivo estaria a colher os frutos de um planeamento correcto. Nada mais distante da verdade. Não estou a falar de uma verdade subjectiva, falo de números, que exibem uma prestação competitiva em tudo semelhante à época anterior, o que é mau, o que é impossível de entender com normalidade.

Para o ex-treinador de Paços de Ferreira e Guimarães, a equipa merece mais apoio e estímulo, mais atenção para o momento actual. Diz o próprio que “ainda há muito por ganhar” e nós os adeptos esquecemo-nos disso. Será mesmo Paulo Sérgio? Não será antes que após a “promessa” de que se estaria a construir uma equipa mais forte e mais talentosa, caiu tudo por terra sucessivamente com maus resultados inexplicáveis? No passado hiato em que o clube não ganhava, havia pelo menos a qualidade de jogo, um futebol atractivo. Hoje os sócios não têm nem bons espectáculos, nem resultados e é um traço do nosso ADN como sportinguistas gostar de ver a nossa equipa jogar bom futebol.

Se PS tivesse aprendido a conhecer o clube que treina, saberia olhar para o exemplo de Peseiro, que inexplicavelmente deixou saudades apesar de ter sido provavelmente o técnico mais inglório na história do clube. Porquê? Porque a equipa jogava bom futebol. Outros existem com esse “triunfo” como Robson, Allison, Manuel José, claramente mais “amados” até que Boloni e Inácio que até foram campeões, mas que a equipa era por uma razão ou por outra, mais “realista” ou “resultadista”.

É esta impossibilidade de voltar às tardes de dribles e combinações colectivas, às noites de ir ao estádio com a fé de que a equipa não desiludiria que escapa no presente a qualquer adepto leonino. Uma vez que o presente promete tudo menos isso e uma vez que o próprio PS nega a hipótese de passar o testemunho nos próximos tempos, não existe outro remédio, o foco dirige-se para um outro tempo. Um tempo onde ele e Costinha já não estão no clube. É que PS ainda não se mentalizou, mas neste momento ele já faz parte do passado e só ainda se senta no banco por condicionalismos eleitorais.

Acredito que qualquer que seja o presidente eleito terá como primeira decisão escolher um novo treinador (até posso conceber a ideia de Costinha permanecer, desde que com poderes muito reduzidos) e mesmo que PS permaneça até ao fim da época, será impossível que faça sequer um treino depois do último jogo da Liga. Existem poucos assuntos da vida do Sporting em que todos estejam de acordo, mas um deles é que PS não tem a capacidade que o clube precisa para construir uma equipa que lute por títulos.
Esta unanimidade foi crescendo, englobando neste momento até a figuras mais conservadoras. Fim da linha. Prematuro, mas real. Dirá PS que não tem as mesmas armas que Porto e Benfica, mas dirão todos os outros que não foram os nossos eternos rivais que nos colocaram a 16 pontos do líder, a jogar mal e a sobreviver do talento individual de cada jogador. Dirá PS que precisará de tempo e mais dinheiro para melhorar, dirão todos os outros que se não fez melhor com o que tem, dificilmente nos surpreenderá no futuro.

Por tudo isto penso que PS e Costinha estão teimosamente a resistir ao tempo, a teimar numa posição que já não têm, podiam ao menos fazê-lo silenciosamente, mas ao expor os seus contraditórios argumentos publicamente não deixam outra margem que seja responder-lhes, apontando a insensatez do que pedem aos adeptos. É o presente que nos preocupa PS! E muito!

Até breve.

1 comentário:

  1. Completamente d'acordo com este texto. O Par Serge esqueceu-se que deu uma valente mocada no presente do sporting indo inclusivé bater algum record de pontos perdidos para um líder.Deixe lá a futura direcção pensar no futuro...por que o presente já ele o destruiu...

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