segunda-feira, 1 de agosto de 2011

O caminho

Na imprensa, nos blogues, na rua, a derrota frente ao Valência provocou um terramoto na confiança dos sportinguistas quanto ao valor desta equipa e ao trabalho até agora desenvolvido por Domingos. Sempre achei que a euforia de que já estávamos ao nível de Benfica e Porto, ou superior um pouco exagerada. De facto penso estarmos mais próximos, mas ainda é cedo para qualquer treinador já ter conseguido pegar em jogadores com 2 épocas miseráveis em cima, juntar-lhes 13 jogadores novos e resultar numa mágica harmonia repleta de novos processos.

No futebol tudo é lento, tal como em tudo na vida que dependa de 40 homens envolvidos em modificar uma realidade instalada. O mais parecido que temos com um mágico chama-se Mourinho e viu-se na temporada finda, que não houve coelhos a sair da cartola a ofuscarem o favorito Barcelona. Tudo leva o seu tempo. O seu e não outro que seria preferível. Por mais vontade que o “Sporting estivesse de volta”, não deixa de ser verdade que o novo tem de ser solidificado até poder substituir o velho.

Temos mais e melhores jogadores. É um facto. Mas ainda não são uma equipa. Os sinais dados frente à Juventus são reais, mas são uma das faces de muitas outras entre as quais se encontra também o Sporting que se exibiu frente aos espanhóis. Desprezar o valor do Valência foi trágico. Primeiro porque são uma excelente equipa, bem orientada por um treinador 100% realista, em segundo, porque é um conjunto com poucas mexidas no onze e no esquema táctico. São mais equipa, nesta fase. Foram muitíssimo mais práticos e objectivos durante toda a partida.

Só isso. Mais nada pode ser retirado de um jogo. Recuso-me a analisar a prestação de Capel, Onyewu, Carriço, ou qualquer outro de forma a toldar o julgamento de toda uma nova época. Maus jogos todos os clubes conseguem. E começar a perder aos 5 minutos de jogo na apresentação aos sócios é uma boa forma de caminhar para uma péssima exibição. Em 10 jogos, o Valência faria o pleno de vitórias sobre Penarol e Toulouse, ou há dúvidas sobre isso? Quando se escolhe grandes adversários podem acontecer destas coisas. Sobretudo quando o mesmo vem de uma derrota de 4-1 frente a um modesto clube da Aústria.

Para ser justo todos os Sportinguistas devem encarar com animo a próxima temporada, sabendo que estamos perante um processo construtivo. Uma obra demora a ser feita e irão acontecer derrotas, más exibições, enganos, tudo o que é suposto ser mau quando se constrói uma nova equipa. O milagre não aconteceu e não estamos (ainda) perante um Sporting capaz de esmagar o Valência. Estamos com um Sporting capaz (num bom dia) de vencer a Juventus. O mais importante é a melhoria contínua, que daqui a uns meses dê para entender que os novos jogadores e os novos métodos de treino serão eficazes para se tornar uma base sólida em cima da qual se edificará então o Sporting que disputará títulos.

Estamos no começo. Apenas e só isso. No futuro não haverá tanta propensão a jogos como o da apresentação. Mas podem acontecer. A paciência é o grande trunfo de todos os adeptos quando aposta num novo caminho. Começar já a derrubar pedras, quebrando a onda de confiança que existiu, é precisamente a direcção oposta ao rumo que queremos. Pedir jogadores, crucificar os existentes, manchar a valia dos novos reforços é precisamente o que a imprensa e os nossos rivais mais desejariam que sucedesse. Aqui neste blog não terão espaço para esse caminho de descrédito.

Até breve.

2 comentários:

  1. Bom post.
    O caminho é longo e difícil.
    Apupar e assobiar é o inverso daquilo que o Sporting precisa.
    Mas a argamassa está nas nossas mãos. Agora!...
    Lá chegaremos!...
    SL

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  2. Totalmente de acordo com este post, nem eramos os melhores do mundo após o jogo com a Juventus, nem somos os piores desde sábado...
    Se é certo que a exibição foi mais fraca comparada com a realizada em Toronto, também é um facto que defrontámos uma melhor equipa, e se analisarmos friamente o jogo de Alvalade o que fez toda a diferença foi a eficacia ofensiva do Valencia, na 1ª parte remataram 5 vez na direcção da nossa baliza e marcaram 3 golos, 1 bola no poste e uma defesa do Patricio.
    Houve falhas? Sim houve e é algo que o DP vai chamar a atenção e melhorar só se faz com treinos, criar maior entrosamento entre a equipa, sobretudo entre os centrais. Veremos que no próximo dia 5 em Espanha já iremos jogar melhor, dia 6 na final ainda melhor e contra a Olhanense já sairemos de Alvalade bem mais satisfeitos com o resultado

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