domingo, 7 de agosto de 2011

Ninguém disse que ia ser fácil

Apesar de ter parecido que este ano a pré-época seria um renascer de esperança e de uma equipa forte, a começar a criar dinâmicas positivas, a verdade é que na última metade da preparação, face a encontros com adversários mais competitivos o Sporting entrou num verdadeiro balde de água fria. Foram 3 encontros em que tudo ficou por provar. A solidez da defesa, a criatividade do meio-campo e a rentabilidade do ataque.

Nem tudo foi mau, alguns dados positivos emergiram, nomeadamente apontamentos de talento de alguns jogadores, mas o colectivo ainda está por organizar e potenciar. Patrício não tem sido o abono do costume, Pereira e Evaldo estão ainda longe do que podem fazer, os centrais em vez de disputarem o melhor, disputam o menos mau e no meio campo Schaars tarda em impor-se. André Santos e Rinaudo confirmaram as boas indicações com que estavam rotulados, mas nas alas Capel, Jeffren, Izma e Djaló tiveram dificuldades rítmicas em agilizar o jogo da equipa. Na frente Rubio foi surpresa positiva, Wolfswinkel algo irregular e Postiga ficou em branco nos jogos a sério. Bojinov, Matias, Árias e Luis Aguiar estiveram fora ou a debaterem-se com lesões. André Martins e Carrilho deram mais que o que se esperava.

Nenhum dos dois esquemas tácticos funcionou correctamente, tanto o 4-1-3-2 como o 4-4-2 ficaram muito aquém de permitir ver um bloco compacto a desdobrar-se defensivamente e ofensivamente com fluidez. Levará muito treino e tempo até que esta equipa crie uma imagem diferente, o que estaria longe da cabeça de muitos adeptos leoninos que esperavam no início da próxima semana ter já algum sabor ao novo Sporting que se vislumbra. Mas revelou-se curto o período de adaptação e harmonização dos métodos tácticos.

Frente ao Olhanense iremos encontrar um Sporting ainda em fase de construção, com muitos jogadores ainda a tactear o terreno em busca das melhores combinações com os colegas de onze. Isso irá provocar alguns equívocos, falta de fio de jogo e períodos de desconcentração. Muitos dos erros que vimos nos últimos 3 jogos tenderão a repetir-se, pelo menos até haver ensaios suficientes para os corrigir todos. Cada adepto que se deslocar a Alvalade saberá que pode ver dois jogos: na melhor das hipóteses – o Sporting marca cedo e com maior ou menor dificuldade controla a partida; na pior das hipóteses  - a dificuldade em criar oportunidades de golo arrastará o Sporting para jogos muito idênticos aos que vimos na época passada. É bom que interiorizemos as adversidades para que o apoio dado seja concordante com o que a equipa pode dar. E não estar a dar grande coisa.

O paradigma de equipa em construção (já em competição) vai requerer muita paciência com a impotência do plantel, muita paciência com as falhas individuais que nada têm de falta de talento, mas de base colectiva, falta entrosamento e de ritmo. De facto existe juventude e ela reflecte irreverência, da mesma forma como reflecte imaturidade. Ver Jeffren, Carrilho, Wolfswinkel e Rubio agora será diferente do que veremos daqui a 6 meses ou na próxima época. Rinaudo, Capel, Schaars, Aguiar, Rodriguez e Bojinov precisarão de menos tempo, mas não será nas próximas semanas que marcarão as partidas com o muito talento que possuem. Isso ver-se-á a espaços e sem que possamos marcar um ponto de viragem.

Todos os adeptos leoninos ansiaram por um defeso pleno de vitórias e boas exibições. Seria sinónimo de candidatura prévia a algo mais do que o 3º lugar, seria sinónimo de efectiva capacidade de Domingos para bem cedo começar a mostrar que sem dificuldades articularia rapidamente uma meia-equipa nova em algo bem melhor do que tem sido o estatuto desportivo do clube. Mas não aconteceu e não vale a pena desmoralizar ou por em causa o caminho feito. Ao contrário de outras épocas, existe mão-de-obra no terreno e engenho no banco para mudar as coisas. Ao contrário de outras épocas existem várias soluções para o caso das mais evidentes falharem.

No passado olhávamos para as alternativas aos nomes mais sonantes e era um vazio de talento, uma impossibilidade de crer em reviravoltas. No banco nunca o discurso ou o método teriam impacto no ânimo ou prestação da equipa. Acredito sinceramente que Domingos tem todas as condições para superar os percalços evidentes desta pré-época e construir uma solução encontrando os adeptos a meio caminho, entre o rigor e a capacidade. Os jogadores que temos este ano ajudarão a que isso aconteça. É uma questão de tempo e de não virar a cara à luta. Ninguém disse que iria ser fácil. Nós adeptos estamos habituados a que não seja.

Até breve.

1 comentário:

  1. excelente texto..só estranho não teres falado no 4x3x3 ou 4x2x3x1, que também foram muito utilizados, principalmente nas segundas partes.

    o 4x1x3x2 parece muito arriscado pa uma equipa em construcção e o 4x4x2 classico já ninguém usa e nunca funcionaria em Portugal.

    na minha opinião o 4x3x3 seria o mais acertado, pelas caracteristicas dos jogadores e pelo sucesso em braga..e tu que pensas do sistema a utilizar?

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