domingo, 24 de outubro de 2010

Das tripas coração

Sem surpresas, o Sporting manifestou tudo aquilo que se tem dito e escrito sobre a sua capacidade de enfrentar equipas que se fecham à espreita de um contra-ataque. O Rio Ave apresentou-se bem organizado, muito preocupado com as entradas de Liedson e Postiga e cobrindo bem as acções pelas alas. Na verdade o adversário dos leões é uma equipa sem poder de fogo, lenta e dependente dos lampejos de João Tomás e Bruno Gama que vão disfarçando uma incapacidade para sair a jogar.

Foi confrangedor a pouca inspiração do Sporting para criar perigo, para ligar uma jogada, dei por mim a tentar lembrar-me se na altura em que Paulo Bento era tão contestado e Alvalade desesperava por bom futebol as coisas estariam tão mal. Tenho dúvidas que se tenha visto espectáculo tão pobre nos últimos 20 anos. Tanta e tanta dificuldade em jogar à bola. Patrício foi resolvendo os ataques meio atabalhoados do Rio Ave (uma equipa com mais talento tinha ganho o jogo) e apesar das lesões há muito para apontar a Paulo Sérgio pelos sucessivos jogos mal conseguidos em casa.

Tudo parecia caminhar para o empate, os vilacondenses iam deixando passar o tempo, mais no chão a simular lesões do que a praticar futebol, eis senão quando a revolta de Postiga se ouviu a alto e bom som. O avançado pareceu reagir mal ás sucessivas entradas faltosas dos defesas e decidiu mostrar à bomba a sua insatisfação pelo andar do jogo. Mandou duas bolas ao poste e obrigou Paulo Santos a defesa complicada.

A equipa pareceu tentar acompanhar o revoltado Postiga e Abel (grande exibição) em desespero remata à baliza , nunca aquela bola entraria se não fosse o monumental erro de golpe de vista do guarda redes vilacondense. O golo surgia aos 89 minutos. Merecido, mas muito aflitivo triunfo leonino. Noutra noite qualquer o Sporting tinha empatado o jogo e isso é muito preocupante. Nem a vitória serve como atenuante, perante os problemas que não são resolvidos, perante as soluções que não vão sendo encontradas. Quem quiser ser enganado que o seja. Esta foi mais uma noite de frustração e ansiedade. Dos 30 mil que estiveram no estádio, talvez metade pense duas vezes antes de voltar.

Prémio para Abel, Postiga, Maniche e Evaldo que tentaram fazer tudo para conseguir a vitória. Demérito para Paulo Sérgio que continua a não entender o défice de qualidade que a sua equipa apresenta. Tanto festejo por uma vitória sofrida frente ao último classificado é paradigmático do estado de penuria em que o clube se encontra. Pensemos se é isto que queremos para o resto da época. É?

Até breve.

Sem comentários:

Enviar um comentário