sábado, 2 de outubro de 2010

A lei da procura

Quando olho para para a equipa do Sporting de 93/94 dá-me dores de cabeça. Esta sensação desagradável só tem piorado de ano para ano e a razão é muito simples. Era suposto com a constante profissionalização dos departamentos de prospecção, melhorar também o aproveitamento dos reforços. Muito mais quando se tem cada vez menos capital de investimento.

Mas não, só tem piorado. Safa-nos a rentabilidade dos escalões de formação, esses sim têm sido fonte dos grandes reforços ultimamente. Na tal época de sonho e pesadelo de 93/94 tínhamos só…Figo, Balakov, Valckx, Juskowiak, Cherbakov, Nelson, Paulo Torres, Peixe, Paulo Sousa, Vujacic, Capucho, Yordanov, Cadete, isto só de memória…havia outros. Não vencemos o campeonato por alguma infelicidade e burrice de Queiroz que deixou solto João Pinto, o melhor jogador do Benfica na altura.

Mas à parte da infelicidade, havia a capacidade de ir buscar bons jogadores, especialmente no estrangeiro. Balakov, Yordanov, Valckx eram muito bons e não era preciso ser um grande olheiro para compreender a classe técnica de Krassimir, a disponibilidade e entrega de Ivahilo e a calma gélida aliada a um rigor impressionante de Stan. Gostaria de saber quem viu exactamente o quê em Pongolle, em Grimi ou em Farnerud, isto só como exemplo.

Baralha-me que com milhares de jogadores pela Europa à procura de dar o salto para um clube de maiores dimensões e outros salários, não descobrimos nenhum romeno, búlgaro, eslovénio, croata, sérvio ou polaco para melhorar os nossos plantéis. Não me digam que não há destes jogadores, a Alemanha, a Suíça, a França e a Bélgica vão todos os anos às compras e é vê-los a ir para o Arsenal, o Bayern, o Lyon dois ou três anos mais tarde por muitos milhões de euros.

É um problema de empresários? De falta de olheiros no leste? Tradicionalmente o Sporting não se dá muito bem com os mercados Brasileiros e Argentinos, só me vêm duas excepções à cabeça, Liedson e Duscher. O resto…foi muito mau. O que é estranho para um clube que tantos valores descobre em território nacional. Não seria boa ideia enviar os nossos prospectores em algumas viagens pelo leste? Pelo norte da Europa?

Costuma-se dizer que quem não tem cão caça com gato, mas nos últimos anos nem cães, nem gatos, dão-nos pedras da calçada para enfiar nos pés. Penso que seria a hora de começar a colocar gente certa no lugar certo e alguns dos responsáveis pelo sucesso da Academia, com missões mais internacionais. É urgente que o plano de reforços seja encarado como uma tarefa transversal e não continuar com uma atitude bicéfala na procura de mercados. Todos ganhávamos. A equipa muito mais.

Até breve.

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