terça-feira, 5 de outubro de 2010

Estado de choque

Depois do meu último post, o qual foi escrito com uma desilusão planetária, confesso que ainda me sinto na mesma. Ou pior. Esperava, ou melhor, tinha a ilusão de acordar hoje de manhã e ler na imprensa alguma reacção por parte dos responsáveis do Sporting, depois do verdadeiro descalabro que foi o jogo de ontem em Aveiro. Já li todos os blogs e constato que o meu estado não é exclusivo, a nação sportinguista está em estado de choque. Não é para menos, a equipa de futebol, que sejamos honestos é 90% do que é o Sporting, é uma fonte de desilusão permanente e desfaz-se como uma miragem de uma (não grande, já passámos há muito esse nível) boa equipa de futebol.

Não vale a pena colocar um ar sábio, maduro e calmo e enfrentar a situação como se fossemos todos velhos marinheiros de cachimbo na boca, o caso é muito grave e cada ano que passa tem vindo a ser pior. Não é pelos jogadores, não é pelo treinador, nem pelo director desportivo, valha-nos a verdade nem sequer é pelo presidente. Simplesmente é por tudo. Todos estes intervenientes tem escolhido mal e tem sido mal escolhidos. É um problema de projecto desportivo e muito, mesmo muito, por não ter um plano ambicioso para o futebol profissional.

Acordamos agora para uma dura realidade: o Sporting está mal preparado em termos de recursos humanos e não tem noção estratégica sobre nada do que diz respeito à equipa de futebol profissional. Tenho ligeiras desconfianças de que se alinhássemos com uma equipa 100% oriunda da formação orientada por um bom treinador teríamos mais pontos do que temos agora. A pergunta para 1 milhão de dólares não é onde é que está o problema, mas sim como se resolve. Tenho para mim que JEB é um homem inteligente, capaz e embora com pouco jogo de cintura para o futebol, é capaz de delegar num director desportivo as grandes decisões no que diz respeito à equipa. Mas esta incapacidade de entender o jogo, faz com que não reaja, o que somado a um director desportivo ainda muito imaturo, se abandone a equipa a um treinador ainda sem currículo e voz autorizada.

É preciso uma voz de comando, murros na mesa, berros e até às vezes um "chicote" moral para agitar uma equipa de futebol com medo de tudo, alguém que avive as hormonas masculinas de 26 jogadores para que ultrapassem esta crise de confiança adolescente. Mas não existe esta figura. São tudo gestores calmos e muito reflectidos que vão assistindo de dicionário debaixo do braço ao descalabro da equipa. Paulo Sérgio é apenas um bom homem, mal preparado e ainda incapaz de liderar uma equipa sozinho.

Voltando à solução. Dia 13 há Assembleia Geral. Penso que a AAS já vai tentar colocar na ordem de trabalhos um ponto dedicado à discussão do projecto desportivo do clube. Sei e todos sabem que isso não resolve nada, numa assembleia todos ralharão e provavelmente ninguém fará sair nenhuma deliberação útil para o destino do clube. Não é o local mais indicado. O local que todos vêem é o mesmo, a secretária de JEB.

Nessa secretária está um contrato assinado com Paulo Sérgio e está um telefone. Para começar a resolver os problemas da equipa de futebol JEB pode pegar nele, ligar o número de Paulo Sérgio e dizer qualquer coisa do género: "Paulo, desculpa lá, como é? Pedes a demissão? A equipa está a 10 pontos do líder com 7 jornadas, a equipa joga miseravelmente e tenho os sócios prontos para na próxima Assembleia Geral me darem um voto expresso que isto não pode continuar...como é? Ah não pedes a demissão...achas que vais dar a volta por cima....ah sim...ok. Então estás despedido. O erro foi meu, tu não tens culpa nenhuma."

Eu sei que esta medida nada resolveria, mas também sei que era um bom começo. E vamos por partes:

1- Pedir a demissão do treinador e se ela não existir, demiti-lo (ao contratar Paulo Sérgio o Sporting podia e devia ter salvaguardado a sua rescisão, é um treinador sem currículo e sem grandes brilharetes, era do maior bom senso pelo menos imaginar que podia não resultar).

2- Contratar um bom treinador, mas bom mesmo, sem discussões. Nada de promessas.

3- No mercado de inverno assegurar a vinda de um bom avançado.

4- Reformular o plano estratégico do departamento de futebol, adquirindo um manager técnico de grande valia, alguém que avalie bem as prospecções e planeie não a próxima época, mas as próximas 4 épocas. Calendário desportivo, empréstimos, aquisições, participações em torneios, acompanhamento do futebol de formação e ligação ao departamento profissional.

5- Começar já a canalizar o máximo de capital para o início da próxima época. Se este manager técnico existir, construirá com Costinha e o próximo treinador uma "comisssão" responsável pelas aquisições da próxima época, mas com dinheiro e ainda mais bom senso do que temos tido. Gastamos muito dinheiro mal gasto.

6-  Existe uma grande percentagem de jogadores na actual equipa que já passou o seu tempo no clube e porque não joga ou quando o joga não rende, deve sair para dar lugar a novas "energias".

Estas são medidas urgentes, fáceis de compreender e fáceis de implementar se houver mais coragem e decisão. Só existe uma pessoa que o pode por em marcha. Uma pessoa onde tudo pode começar e também acabar. Essa pessoa é JEB e tem faltado muito ao clube pela sua aparente não capacidade para tomar grandes decisões em momentos oportunos.

Até breve.

1 comentário:

  1. Grande post, muito eloquente e racional... São obrigatoriamente necessárias medidas que dêem um abanão à estrutura do clube, tudo o que tenho visto e lido não passam de intenções e cada dia que passa se vai tornando tarde e não se vê ninguém que insista fortemente para que se dê volta a este buraco cada vez mais sem fundo onde estamos enfiados.

    Acordem que ainda é possível fazer uma época positiva...

    fccrato.blogspot.com

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