quarta-feira, 27 de outubro de 2010

O campeão da estatistica

Há um lugar onde o Sporting lidera destacado nesta Liga e esse lugar é a estatística de cantos, remates, ataques, só faltou o que mais interessa, ou seja, os golos sofridos e marcados e posse de bola.
A estatística chegou ao futebol como instrumento de análise complementar usados pelas equipas técnicas. Que me lembre surgiu quase simultaneamente em 3 sítios: na Liga inglesa, na MLS Norte-Americana e em algumas equipas nórdicas. É mais provável que tenha tido origem nos EUA, uma vez que há muitas décadas que outros desportos como o Basebol e o Futebol Americano vivem dos números como factos que fazem parte do espectáculo. Seja como for, no soccer entrou pela porta dos gabinetes de alguns treinadores com tendência para o benchmarketing.

Alguns destes técnicos iriam ser muito bem sucedidos e foi um ápice para que na liga germânica e italiana surgissem autênticos departamentos de estatística em alguns clubes de meio da tabela. Com o sucesso destes alastrou e no final dos anos 80 começavam os primeiros números a surgir nas infografias das transmissões televisivas. Eram recolhas ainda primárias que contabilizavam manualmente remates, cantos, faltas e outros rácios mais simples de somar. Com os anos 90 tinha fim o futebol espectáculo, chegava em força o futebol ciência com palavras como rendimento, coeficiente, rentabilidade. Os treinos passaram de meros laboratórios de jogadas e evoluíram para programas físicos e mapas de forma, uma autêntica F1 de atletas.

Com o futebol mais cientifico, a estatística ganha nova importância. Existem dois atletas dentro do clube: o jogador - com mais ou menos jeito para jogar à bola e o futebolista - um conjunto de números que exibem o seu comportamento durante 90 minutos. Depois existem 2 equipas: a que ganha, joga bem, dá espectáculo e a outra que reflecte numerais de posse de bola em ataque, sem bola, passes falhados, intercepções , kms percorridos e zonas de jogo ocupadas. Em 2010 estamos em plena era tecnológica e digital com milhares de análises, percentagens, micro e macro realidades.

Mas o futebol não é apenas análise, é muito mais. É um desporto espectáculo criado e adaptado para entreter quer quem joga, quer quem vê. E que bons jogos se vêm por exemplo em Inglaterra, Espanha, França e Alemanha. Em Portugal como na Itália, na Turquia e na Grécia não há espectáculo mas sim domínio. Em 90% dos jogos existe um desequilibro de mentalidades entre clubes e só há duas grandes tácticas: os que querem ganhar e os que não se importam de empatar e isso mata o jogo.

O Sporting deste ano não é mais fraco que o de outros anos, bem pelo contrário, porquê? Porque tem mais jogadores de nível médio, mais soluções e mais equilíbrios com pelo menos 2 jogadores úteis para cada posição. Mas falta-lhe dois factores diferenciadores: o killer instinct e um cérebro. O segundo constrói e agiliza as ferramentas enquanto o primeiro finaliza e cumpre o objectivo do jogo - o golo. Sem estas peças, as estatísticas podem dizer tudo que valerá....nada. Podem dizer que rematamos 40 vezes à baliza e que ganhamos 10 cantos, mas a pobreza do espectáculo continuará a ser verdadeira.

No ultimo jogo frente ao Rio Ave apenas fui bem entretido com futebol a sério nos últimos 20 minutos, os restantes 70 foram completamente entediantes e enervantes, mas a estatística diz o contrário, diz que o Sporting dominou em todos os campos, em todos os números, apenas não dominou o ecrã da minha televisão, que me mostrou uma equipa pouco mais competente que o seu rival. Cada um entretém-se como quer e pela minha parte continuo a ver futebol como sempre vi, pelo jogo, pela vibração, pela magia da surpresa com que somos arrebatados pelos bons jogadores. Será que estarei longe de ver isso em Alvalade? A estatística isso não diz.

Até breve.

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