terça-feira, 12 de outubro de 2010

Os inteligentes e os espertos

A permanente ameaça do Presidente do Benfica em boicotar a presença de adeptos encarnados nos jogos fora de casa, pode não ser tão parola como parece à primeira vista. Aos que prematuramente detectarem a falácia de tal decisão recomendo um raciocínio mais paciente. Num futebol organizado e gerido de forma isenta, tais declarações seriam imediatamente punidas pela FPF e Liga, atenta de facto ao bom nome das instituições, algumas delas sem representação nos organismos futebolísticos (como por exemplo a PSP, a GNR ou empresas de segurança privada) além de incentivar à não participação no espectáculo sem provas factuais do risco que tanto se fala.

Mas o futebol nacional é um lodo enorme de compadrios e cumplicidades e é neste tabuleiro que Vieira está a jogar. A esperteza muitas vezes é mais vantajosa que a inteligência, de facto sempre achei e senti na pele que a PSP do Porto fecha muitas vezes os olhos a autênticas barbaridades cometidas pelas claques do Porto. Não sei se em Lisboa estamos pior ou melhor nesse aspecto nos últimos anos, mas para Vieira isso não interessa para nada. O homem com esta polémica desvia a atenção da má prestação da equipa na Liga, abre uma nova frente de discussão contra Pinto da Costa e arrasta toda a massa adepta benfiquista numa pressão económica junto dos clubes, especificamente os clubes do norte do país.

Não resolve nada, pelo contrário cria mais um problema, mas é isso mesmo que Vieira quer, lançar a discórdia e colocar todo o peso do problema nas mãos de quem normalmente não decide nada. É previsível que esta medida resulte no oposto do que o seu proponente diz que quer. Se for cumprida a ameaça, pelos visto está já em marcha, prevejo muito mais problemas nas deslocações do Benfica a norte do país. A acontecer algo, e isso vai mesmo acontecer, o Benfica poderá reservar-se a uma autoridade moral que não possuí neste momento. Isso quer se queira quer não é uma vantagem. Como dizia Scolari, é uma situação "Ganha-Ganha".

Chamem-lhe parvo...

Até breve.

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