terça-feira, 9 de agosto de 2011

Analfabetismo desportivo


Há quem não se preocupe com incidente do género do que ocorreu com o árbitro Pedro Proença. A sintomática desculpa de falta de padrão e pontualidade dos casos graça pelo nosso país que é brando demais com este tipo de comportamentos. Mas se criminalmente o assunto é de fácil resolução, já desportivamente o caso é mais complicado. Não me interessa se o adepto em causa é de cor vermelha, azul ou verde, estes arruaceiros não são dignos de pertencer a nenhum clube.

É nesse sentido que escrevo este post. A cumplicidade dos clubes com actos deste tipo tem sido estupidamente menorizada, levando aos infractores a acreditar que estão a fazer algo que a instituição de são fãs lhes agradece. Em muitos casos suspeito que seja verdade. Muitas agressões houve antes desta a jogadores em final de contrato, a treinadores, dirigentes, jornalistas, a outros adeptos que a opinião pública não foi tão caustica a condenar, talvez porque implicitamente tenha encontrado um “braço armado” a interpretar o seu próprio sentido de justiça.

Tudo isto só acontece porque a própria cultura de muitos dirigentes nada tem de desportiva, com mais parecenças com procedimentos da máfia napolitana, jogando num tabuleiro perigoso que não começa mas acaba nas quatro linhas. Numa democracia elegem-se líderes para que deliberem e actuem em nome de todos e em benefício da maioria. Ao eleger uma direcção da FPF ou da Liga, os clubes e outros organismos desportivos do futebol mandataram pessoas para controlar, organizar e disciplinar todos os agentes do futebol.

Na verdade, no futebol de Portugal, esta regra democrática é uma farsa. Os eleitos são mandatados para serem porta-voz de interesses clubísticos ou regionais ou para serem o contra-ponto de outros com o mesmo tipo de agenda. É insuportável a passividade de quem rege as provas nacionais. O espectáculo é pobre, o preço é exorbitante (para a nossa realidade económica), a TV passa a maioria dos jogos mais apetecíveis, tudo são razões mais do que suficientes para afastar o público dos estádios. Este tipo de dirigismo apenas está a deixar passar o tempo e a adiar a “mão pesada” que devia ter tido sempre. Pelo menos até que algo verdadeiramente grave aconteça.

Eu gostaria um dia de ir ao estádio de Alvalade com o meu filho sem ter de pensar em questões de segurança, mas graças a esta impunidade, temo que os únicos jogos que arrisque fazê-lo sejam frente a U.Leiria ou Académica, jamais um derby ou um clássico.
Leis rigorosas e duríssimas exigem-se, tanto como prevenção como castigo. Não nos enganemos mais, não é um problema social nem cultural, é um problema de falta de autoridade dos que estão autorizados oficialmente a tê-la.

Quando duas pessoas que todos conhecem libertarem as amarras dos seus “peões” talvez possa acontecer algo de novo, mas desconfio que teremos de esperar que os seus “reinos dinásticos” terminem e quem sabe um dia, num Portugal justo e livre, o façam na prisão.

Até breve.

1 comentário:

  1. Os feudos do futebol português precisam de ser estilhaçados por uma libertação renascentista.
    O "sistema" que se encontra instalado não permite que o desporto seja verdadeiramente aquele que é jogado dentro de campo, sendo evidentes as limitações e os constrangimentos gerados pelos alinhamentos ao "capo del nord" e ao "capo del sud" que sufocam quem gostaria de ver e viver o desporto com... desportivismo, fair-play e respeito pelo próximo.
    Não só não vislumbro qualquer mudança como não antevejo que isso possa acontecer a médio prazo. Pior, temo que os principais responsáveis pelo actual estado das coisas não só não serão presos como ainda os veremos condecorados...

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