terça-feira, 10 de agosto de 2010

O espectáculo vai começar!














Sempre achei Carlos Queiroz um homem de ideias e projectos. Na arte de executar um plano de longa duração já deu provas de visão e entendimento do futebol. Como técnico principal de clube ou seleccionador parece-me sempre desajustado, polémico, sem jeito para as nuances mediáticas e motivacionais de épocas ou grandes torneios.

A sua opção como Seleccionador de Portugal pareceu-me de um Sebastianismo perigoso. Do Manchester United para a camisola das quinas vão muitos passos, alguns para trás, e na verdade estão à vista problemas antigos de Queiroz com estruturas dirigentes que usam e abusam da chamada esperteza saloia.

Que o contrato principesco que tinha era desenquadrado das ambições reais da Selecção todos já sabíamos, mas além da culpa não poder ser imputada ao contratualizado, o mesmo atingiu os objectivos mínimos e não se entende toda esta “pressa” para despachar o treinador.

Quando digo que “não se entende”, estou a faltar à verdade. Entende-se e bem. A eliminação face à Espanha que viria a sagrar-se campeã do Mundo, veio dar alguma voz ao descontentamento de alguns atletas (Deco, Ronaldo e companhia) que criticaram a forma extra-cuidadosa com que Queiroz planeou as partidas mais difíceis. As tácticas definidas contra a Costa do Marfim, Brasil e Espanha não libertaram os jogadores mais criativos para procurarem “soltos” a baliza adversária. Houve pulso forte e as prima-donas tiveram mesmo de cumprir os planos de jogo. Foram óbvias as divergências dentro de campo.

Não defendo Queiroz nas suas opções técnicas, acho que não se conquista nenhuma competição anulando a criatividade e a espontaneidade em prol de coberturas de espaço super matemáticas. Correu bem à Grécia no Euro 2004 e à Itália em anos anteriores, mas são excepções a uma regra. Quem joga para o empate, perde.

Mas o problema é que não se podem despedir treinadores com justa causa ao abrigo de tácticas defensivas ou desagrados de estrelas. Este será mais um seriado de episódios que contará com atracões suplementares como Pinto da Costa, LFVieira e Ferguson como testemunhas abonatórias da idoneidade do treinador.

Visto da ala sportinguista, este é um seleccionador que não deixará saudades. A não convocação de Moutinho (aguardo com alguma expectativa a próxima convocatória para saber se a simples mudança de camisola dará a Moutinho uma chamada à Selecção), a não utilização de Veloso e a não aposta em Liedson confirmam as más relações de Queirós com o Sporting. O facto de Liedson ter sido envolvido num caso de pseudo-dopping também pode ser que venha a lume.

Aliás, para um treinador que sempre apostou na valorização da formação, não ter chamado Patricio, Moutinho ou Tonel (internacionais em todas as camadas jovens) em detrimento de Ricardo Rocha, Daniel Fernandes e Amorim prova a má vontade de um homem que tem um conflito latente com o emblema símbolo da formação nacional desde a transferência de Nani para o Man Utd.

Vou assistir da “plateia” com pipocas e uma coca-cola ao desenrolar deste “caso”, sendo que qualquer que seja o fim, a diversão está garantida. 

Até breve

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