quarta-feira, 4 de agosto de 2010

Quem quer vir para o Sporting?

Vale de pouco ou mesmo nada. O Sporting há anos a fio que é dos planteis mais “portugueses” da liga. Enquanto as vitórias dos rivais são construídas em cima de gordos orçamentos e aquisições no mercado sul-americano, as nossas, sim às vezes também ganhamos jogos, são feitas de muita prata da casa e muito nacionais.

A lógica de construção de plantéis com forte presença de jogadores da Academia fez talvez até esta época com que alinhássemos com onzes muito pouco “estrangeiros”. Não me entendam mal, penso que se tivéssemos a tesouraria de Benfica e Porto também teríamos ido ao Brasil e à Argentina buscar equipas inteiras, mas o facto é que temos caçado com “gatos” e portugueses.

Mas esta questão prende-se com outros aspectos que não só o dinheiro. Verdade seja dita, o Sporting é um clube com muito pouca projecção mediática. O Benfica de Eusébio ainda hoje é uma referência, muito mais o Porto de Mourinho, mas é ao contactar com outros povos que um sportinguista entende que os leões não tem quase nenhuma referência externa.

Hoje em dia somos o clube que formou Figo e Ronaldo, mas até aí persistem dúvidas, já ouvi um mexicano dizer que Figo veio do Benfica e um Escocês garantir que Ronaldo tinha vindo de um clube da Madeira. Esta quase inexistência fora de portas é a factura que se paga por desaires sucessivos nas competições europeias, em que qualquer clube turco do meia da tabela nos eliminava.

Na época passada embora sem futebol de qualidade caímos na eliminatória com o campeão Atlético de Madrid e mesmo eliminados, nunca fomos inferiores aos espanhóis. As digressões de pré-época por torneios nos EUA e Ásia são um bom investimento, dão visibilidade mundial. A escassez de jogos entre clubes grandes nestas fases permitem a um clube como o Sporting passar pelas televisões do planeta, mesmo sendo amigáveis, o retorno em imagem é incalculável. Convém fazer boa figura já agora.

Tudo isto para chegar ao título do post, o que atrai um jogador para vir para o Sporting?
Não é o dinheiro, não é a visibilidade, não é o prestígio (comparados com outros campeonatos e os seus clubes), então o que é? Se eu fosse um jogador argentino com uma carreira em ascensão, se tivesse uma proposta dentro dos mesmos valores de uma Udinese, de um Paris SG e do Sporting, quem escolheria? “O primeiro conheço porque muitos jogadores do meu país jogam na Série A e tenho referências, o segundo a mesma coisa e o Sporting? Que clube é? De Portugal, onde joga o Benfica e o Porto? Não seria melhor ir para um destes?”

Reflexões como esta devem acontecer diariamente, por estas alturas e o resultado está à vista. É certo que chegando a Alvalade e conhecendo as infra-estruturas do clube, conhecendo a grandeza social do clube, qualquer atleta muda de ideias e ficará satisfeito com a escolha verde. Mas o problema é fazer com que chegue ao Lumiar ou a Alcochete. Neste campo, ganhará sempre quem já conhecer a dimensão do clube, isto é, os jogadores portugueses ou que já tenham passado por Portugal.

E tem sido destes “regressos” e prospecção nacional que temos feito as nossas equipas. Já ouve tempos em que empresários colocavam em Alvalade jogadores como Silas, Naybet ou Polga, jogadores em “alta”, mas as últimas duas épocas têm sido ricas em noticias de ruptura financeira e instabilidade directiva e os empresários são acima de tudo homens de negócio, falta de liquidez é uma expressão de que fogem a sete pés.

Costinha, honra lhe seja feita, fez o que já há muito não se via em Alvalade, trouxe um bom jogador, internacional chileno, de Itália. Não estava em declínio, em ruptura com nenhuma direcção e muito menos sem “pretendentes”. Jogadores como Romagnoli, Grimi, Caneira, Celsinho, Pongolle chegam ao Sporting sem “alma”, com muito banco e sobretudo uma grande descrença por sucessivos falhanços.

Este não pode ser o nosso mercado, precisamos de ambição, querer e dedicação à equipa, nesse sentido falharam Moutinho e Veloso onde Zapater, Torsiglieri e Evaldo podem ter enorme sucesso. Todos são jogadores de muito carácter e aplicação em campo e é essa a grande diferença na prestação da equipa, a disponibilidade mental e física para deixar tudo em campo, até ao último minuto.

Neste quadro jogadores como Djaló, Saleiro ou Izmailov estão claramente a ficar para trás. Tem porventura até mais talento do que os seus colegas, mas por várias razões não conseguem “agarrar” o jogo e respirar com a equipa.

Perdoem-me a extensão do texto mas, em resumo e por uma vez, concordo cada vez mais com as palavras de JEB quando expressa que o Sporting só fará uma contratação quando várias condições forem reunidas, talvez sejam estas que acabei de referir.

Até breve.

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