quinta-feira, 7 de outubro de 2010

Quando o céu cai

Todos os clubes têm pilares, pontes, alicerces onde assenta a sua identidade e a sua segurança. O Sporting para mim sempre foi um clube organizado, ordeiro, brioso dos seus valores e uma bandeira de bom futebol, arte e magia dentro dos relvados. Há cerca de 10 anos, começámos a copiar um modelo à Porto, um modelo de luta, querer ganhar, sempre contra qualquer coisa. Começamos a ver os "sistemas" e a olhar demasiado para as nossas costas sempre com medo que nos roubem o "pão" das vitórias.

Deixámos de olhar para a equipa, para os bons jogadores, a estimar a casa onde formamos aqueles que sempre foram os nossos melhores atletas. Nos últimos 20 anos os símbolos do Sporting foram sempre formados no clube (Carlos Xavier, Figo, Ronaldo, Moutinho, Sabrosa, Peixe, Nani, etc) excepção será Yordanov e Balakov dois enormes jogadores que fizeram parte da última grande tentativa de Sousa Sintra em sair de décadas de insucesso, mas nunca de mau futebol.

Deixámos de olhar para nós próprios e demasiado para os nossos rivais, demasiado atentos ao que faziam e como o faziam. Perdemos o sentidos de nós próprios. A equipa que hoje sobe aos relvados em nada respeita o passado e a história do clube. Não sou saudosista, sei que tudo evolui e muda. Mas a minha pergunta é: Muda para o quê? Qual é a filosofia do clube neste momento?

Quando vamos buscar jogadores de 29 e 30 e tal anos para suprir carências da equipa, estamos apenas a tentar contornar problemas financeiros, ou a inverter um modelo de investimento no futuro, que sempre foi nosso apanágio. Todas as épocas a equipa do Sporting era a mais jovem e com mais margem de progressão. Era, já não é. Todos os anos o Sporting tinha 1 ou 2 jogadores que pela sua fantasia e criatividade empolgava o clube e o transportava nas camisolas de jovens e crianças. Tinha, já não tem. Sempre me habituei a ver o clube fora de polémicas, atritos, a evitar fissões e discussões internas. Evitava, mas já não evita.

O que é este Sporting? O que ganhámos em mudar? De que adiantou os passos decididos rumo a novos modelos de organização e financiamento? O que lucrou o clube em mudar a sua politica de formação, com pazadas de brasileiros, romenos e outras nacionalidades que não advém de nenhuma referência e ligação à nossa cultura nacional? Quem ganhou com um novo estádio que arruinou as finanças e elevou o preço dos bilhetes? As gamebox são um bom produto, mas quando vejo Alvalade num início de época com 20 mil espectadores e me recordo outros inícios com 40 ou 50 mil, pergunto-me onde está a evolução?

Onde é que nós estamos?

Nada do que está escrito são acusações a JEB, mas uma vez que é Presidente é sua obrigação preocupar-se, pensar, re-pensar, ouvir, seja o que for que ache melhor fazer no sentido de entender como é que passámos de uma grande instituição para uma grande desilusão. É que já nem a formação, essa virgem prenha de messias escapa e é hoje mais um calvário de conflitos e egos exacerbados. Onde está a palavra, a honra, a virtude, o amor e dedicação ao clube? Para onde nos leva tanto profissionalismo?

Se cair, quero cair de pé e não a chorar-me pelos cantos a ser espezinhado por "moinhos de vento".

Até breve.

2 comentários:

  1. Eu compreendo a ideia e também a partilho, mas temos que ser justos e nessa lista faltam uns quantos símbolos que não foram formados no Sporting: Oceano, Sá Pinto e Barbosa para só falar nos que tiveram a braçadeira de capitão durante algumas épocas...

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  2. Justo e correcto. É verdade que existiram outros jogadores que aprenderam muito bem o que era o Sporting, também eles são exemplos de atletas a quem foi ensinado a viver o clube...mas a minha pergunta é: quem faz isso neste momento?

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