sexta-feira, 13 de agosto de 2010

Paulo Sérgio













Quando soube da confirmação da escolha de Paulo Sérgio para a vaga de treinador do Sporting não pude deixar de sentir algum desânimo. De Paulo Bento para Carvalhal e deste para Paulo Sérgio (PS), a sensação foi sempre semelhante. Em ambas as transições esperou-se sempre mais arrojo e mais “desembolso” o que era apoiado em declarações de JEB que disse coisas como “vocês vão ter uma surpresa” ou “é um treinador que não deixa dúvidas a ninguém que o clube estará bem entregue”…enfim.

Os sportinguistas são do mais paciente que há e a cada queda segue-se sempre um levantar lento mas convicto. A PS foi dado mais um dos muitos “cheques em branco” de confiança, embora seja evidente que há muitos pés atrás na comunidade leonina.
Ninguém que ser pessimista e acabar com uma hipótese de sucesso prematuramente, muitos treinadores começaram assim, sem margem, sem esperança e alguns mantiveram-se firmes, com sorte e vitórias estratégicas. Alguns souberam agarrar a oportunidade e dar um salto para a alta roda do futebol europeu. Artur Jorge, Eriksson, Mourinho são bons exemplos de tudo isto. Será Paulo Sérgio?

A herança deixada pelas últimas épocas é pesadíssima. Qualquer treinador com alguma carreira evitaria pegar neste momento no Sporting. O clube não ganha um título importante (campeonato ou taça europeia) há quase 10 anos, não tem um plantel de valor absoluto, tem as finanças debilitadas por um processo de endividamento atroz e mais do que tudo tem uma grande massa adepta impaciente e descrente. Das poucas coisas boas que pode oferecer é um grande mediatismo e uma estrutura física e humana de excelência.

Qualquer treinador, quando escolhe um clube olha também muito para os que serão os seus superiores, um jovem Presidente ambicioso e um ainda mais jovem e ainda mais ambicioso Director Desportivo Costinha são uma estrutura de “força” mas ainda por testar a sério, ainda com muitos erros de inexperiência nos cargos para dar no futuro. Carvalhal por exemplo sofreu estas lacunas na pele e outros pensaram muito mais do que 2 vezes antes de lhe “calçar os sapatos”.

Mas houve um que não teve medo, PS aceitou, ao que consta sem hesitar, o desafio de construir uma equipa do nada, do zero, com todas as duvidas e incertezas possíveis e imaginárias. No Guimarães preparava-se para fazer história ao pegar no clube em posição de descida e entregá-lo no final da época em lugares de acesso à Liga Europa. Mas um último jogo desastrado em casa com o Marítimo estragou o conto fantástico e PS sai da cidade berço com um amargo sabor a “quases”.

Levantou-se então a polémica, porquê PS quando Villas Boas já tinha até um pré-acordo? A história ainda revelará o que se passou para uma mudança de direcção tão abrupta e o certo era que o benjamim de Mourinho acabaria no rival FC Porto tal e qual como todos os bastidores sempre afirmaram. Seria de facto a escolha de Pinto da Costa, ou JEB teria furado os planos do presidente Portista, não lhe deixando outra alternativa?

PS não é um mestre de táctica como Jesualdo, não segue uma linha dura como Paulo Bento, não é um técnico de ratices como Inácio, não é particularmente motivante como Robson ou Mourinho, mas tem um ponto que todos concordam ser uma vantagem: tem de tudo um pouco. É um técnico completo e sem ser brilhante em nenhuma área, não apresenta fraquezas em nenhuma das mesmas. Outra vantagem que Costinha e JEB tiveram em conta é a sua capacidade para “construir” uma base de exibição sólida nas suas equipas.

Depois da equipa mecânica de Paulo Bento e da equipa sem referências de jogo de Carvalhal, os dirigentes leoninos optaram por alguém que não fazendo milagres é conhecido por dar às suas equipas uma ideia de jogo não imutável (como PB) e que se adapta bem a qualquer tipo de ambição, no Paços o objectivo era vencer o possível, no Guimarães dava para ganhar a maior parte dos jogos e no Sporting espera-se que chegue para perder o menor número de pontos.

A pré-época exibe muito trabalho, muitos mecanismos desenhados, novas tácticas e movimentações. Por agora vê-se o início de algo que pode ou não servir para dar à equipa uma nova personalidade. É cedo e é preciso jogos para atestar do sucesso e inteligência do que foi criado. Pode ser fantástico e pode ser um rotundo fracasso, mais uma vez tudo depende da bola dentro da baliza, algo que parece ter melhorado quando ainda Liedson se está a adaptar, o que deixa uma esperança depositada num futuro próximo.

PS irá depender de muitas coisas e dependerá acima de tudo do que as novidades do plantel podem fazer dentro de campo. Saíram dois fortes argumentos, os patrões do meio-campo Veloso e Moutinho eram o motor e coração da equipa, por vezes velozes, por vezes “gripados”, depois da chegada de Mendes estabilizaram com a confiança, estabilidade e certeza do “escocês”. Este novo ano existe um novo motor, um novo coração e até um novo cérebro. O chassis é mais ou menos o mesmo. Evaldo, Vukcevic, Zapater e Maniche darão mais cilindrada ao motor, Liedson, Postiga e Valdez e quem sabe Izmailov um coração mais estável e Fernandez um cérebro com mais neurónios assim o treinador lhe encontre espaço para jogar.

No início há esperança, não tanta na conquista de títulos, mas mais a curto-prazo, em boas vitórias e exibições nos primeiros jogos, algo que dê a confiança para mais no futuro. Passos pequenos, para quem tem ainda muito caminho a percorrer, sabendo que só uma grande força e dinâmica de equipa “empurrará” o clube para candidaturas reais a “títulos”. As últimas declarações de PS vão nesse sentido. Se as palavras equivalerem aos actos, então temos época.

Até breve.

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